domingo, 29 de junho de 2008

Do Destino e do Futuro

Essa semana, no meu exercício de dar atenção às pequenas coisas, acabaram acontecendo grandes coisas. De certa forma, umas foram boas grandes coisas, e outras más. Mas tudo não é feito de equilíbrio?
Daí hoje, fazendo um balanço de tudo, percebo que vale à pena encarar a semana que vem, com tudo o que vier. Existem coisas das quais nenhum de nós pode fugir, ou se esconder. Há aquelas que a gente finge que consegue evitar, e para as quais a gente nem liga, só pra tentar esquecer o quanto somos incapazes de lidar com algo tão inexorável quanto o destino. E o destino existe...
Existe, e é como uma morsa retardada pra quem a gente sempre tem que dar a outra face. Não respeita a nossa lógica e quase sempre assume os nossos esforços como tentativas, como resultados de uma busca incessante por algo que não está ao nosso alcance.
Mas talvez não tenha que ser assim... tudo o que vale à pena ter, tem seu preço. A questão é se estamos dispostos à pagar por ele, sem sequer termos garantias de que dará certo. O destino costuma ser bem injusto com os que fazem planos. Sei disso muito bem. Acho, inclusive, que esse deve ser o maior motivo pra eu estar dando mais atenção às pequenas coisas. As grandes coisas acontecem independentemente.
Além do mais, analisando o futuro podemos perceber claramente que não se trata de algo tão distante. Claro que nós temos um passado, para lembrar, não viver. Nós temos um presente que, além de tudo, podemos compartilhar com as pessoas que estão ao nosso lado. Mas esse mesmo presente é a nossa ferramenta: é a pedra onde podemos afiar o gume do nosso espírito, e entalhar o que vem pela frente, à nossa maneira, em uma madeira que não conhecemos os nós, ou as fibras, mas sempre terá a forma que nós dermos à ela.
E este é o prazer que eu ainda tenho em viver...
Entalhar...
Entalhar...

domingo, 15 de junho de 2008

O jardineiro mau-otimista

Eu queria ser um bom otimista, mas não sou...
Não que isso venha a ser uma coisa ruim, eu ainda sou um mau otimista. Ainda acredito que de uma forma interessante as coisas melhoram a cada dia. De uma forma interessante o mundo sempre há de mostrar algo aos meus olhos que eu nunca tinha visto antes.
Acho que às vezes gostaria de ter forças pra tentar algo mais, mas ando tão ocupado... Tão ocupado com coisas que aprendi a aceitar como obrigações - coisas que, aliás, sempre me deram prazer - , como desculpas para fugir dos meus sonhos.
Sempre pensei que se eles morressem antes que eu me apegasse a eles, seria extremamente feliz. Eu ainda acredito nisso, pois sou um mau otimista. Acredito que, se eu não vivo, é por uma troca justa. Afinal, mortos não sentem dor...
Acabei aceitando, ao longo dos últimos anos, que tudo o que eu tenho agora faz parte da transição. Sim, não digo "uma" transição, e sim "a" transição, pois é agora que eu esqueço tudo o que eu já perdi pra essa vida. Nesse exílio é que eu posso me livrar dos meus fantasmas. Quando voltar ao mundo, direi às pessoas quantos mestres eu tive, quantos amigos verdadeiros existem longe de casa, quantas vezes a nossa sorte, ou nosso azar, nos mostrou que os vitoriosos são aqueles que não cometem os mesmos erros, não perdem as mesmas derrotas, não desistem de realizar tarefas impossíveis, só porque às vezes não pareça que vão conseguir...
Nesse exílio eu aprendi que não há glória, pois acabei de plantar as sementes, quando removi da minha terra todas as ervas daninhas. Não corro atrás da borboleta, pra plantar o jardim.
E, pra quem entende o que eu digo, deixo um recado a todos os jardineiros que conheço e admiro: "Hoje de manhã, podei as minhas roseiras."