terça-feira, 25 de novembro de 2008

Otimismo, Cafunés e Chibatadas

Essa semana que passou, de fato, foi de guerra.
O sol, os prédios, as pessoas... as coisas que tornam meu trabalho difícil.
É como diria Yoshiyuki Sadamoto: "Parece que a cada cafuné que eu recebo, também recebo mil chibatadas. Só que se não fossem as chibatadas, esse cafuné não seria nada."
A discussão a que quero me adentrar hoje (e que acho que provavelmente farei comigo mesmo...) é sobre o otimismo.
Esse assunto me veio derepente, no meio de uma apresentação de trabalho, ontem.
Onde podemos encontrar otimismo? Qual é a variável que, no início do dia, estabelece o nosso estado de espírito? É uma coisa louca. Um dia você pensa que pode com tudo, e que não importa o quanto as situações adversas apareçam - e elas aparecem -, nada pode estragar o dia maravilhoso que você planejou de antemão.
Embora essa seja uma discussão mais profunda, estou certo de que não chegaríamos à conclusão nenhuma, e é isso o que a torna válida! Todo argumento relativo a ela seria completamente vago, mas isso não é uma falha, e sim uma vantagem do argumento.
Mesmo assim, descrevo minha visão do assunto:
De forma estranha, sinto que temos é que nos esforçar para encontrar nosso otimismo em alguma coisa, não que nos mostre o caminho, mas que nos mostre que caminhar é divertido. Afixar no todo aquilo que sentimos individualmente (para os que sentem, obviamente), e refletir isso em nossas atidudes e, principalmente, na forma que captamos e reconhecemos esse mesmo todo, como o lugar onde podemos ser parte ativa na construção de um futuro. Saberemos, então, reconhecer nas pequenas coisas a beleza. Saberemos lutar pelas nossas aspirações e superar as adversidades com otimismo.

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

"Ternura inútil, mas ternura..."

"...conselhos inúteis, mas amigos."
Não resisti, e novamente comecei a ler o clássico Terra dos Homens, de Exupéry. E, relendo, ía relembrando as definições que ele propunha sobre o que é ser humano. Em uma das passagens mais emocionantes, dizia ele que o avião de seu amigo Guillaumet havia caído nos Andes, em pleno inverno. Já passada uma semana, todos tinham esperança de encontrar apenas seu corpo, quando ele surge vivo! Guillaumet, nesses dias entre a neve e as montanhas, havia batalhado contra a própria morte, pois segundo ele "o que eu fiz, palavra que nenhum bicho, só um homem, seria capaz de fazer." Ele sobreviveu ao frio e à fome por se sentir responsável pelos que o esperavam. Pela sua esposa, seu filho, seus amigos. Bichos não poderiam sentir tal coisa, o que justifica a sua frase. Segundo Exupéry, essa sentença é aquela que coloca o homem em seu lugar de direito na natureza, que o define como um ser superior: a capacidade de se sentir responsável.
Acho que leria quantas vezes eu pudesse, muito embora agora eu já não tenha mais tanto tempo disponível assim. Aliás, eu tenho achado inclusive que tenho escrito com uma frequência além da permitida para o meu estado atual.
Acho que não sei quando volto a escrever agora, por isso deixo a minha recomendação:
Terra dos Homens, de Antoine de Saint-Exupéry: um livro que transcende o tempo, e nós traz ótimas lições de como é ser humano, e ao mesmo tempo especial entre eles.
Um trechinho:

"Só há um luxo verdadeiro: o das relações humanas.
Trabalhando só pelos bens materiais construímos nós mesmos a nossa prisão. Encerramo-nos lá dentro, solitários, com a nossa moeda cor de cinza que não pode ser trocada por coisa alguma que valha a pena viver. Se procuro entre minhas lembranças as que me deixam gosto mais durável, se faço balanço das horas que valerem a pena, certamente só encontro aqueles que nenhuma fortuna do mundo ter-me-ia presenteado.
Não se compra a amizade de (...) um companheiro a que estamos ligados para sempre pelas provas sofridas juntos. Esta noite de vôo e suas 100 mil estrelas, esta soberania de algumas horas, o dinheiro não compra. Estas árvores, estas flores, estas mulheres, estes sorrisos docemente coloridos pela vida a que regressamos de madrugada, este mundo de pequenas coisas que nos recompensam, o dinheiro não compra."

terça-feira, 11 de novembro de 2008

Essa terça...

Eu ainda não entendi qual é a das terças-feiras.
É realmente o dia em que eu fico mais folgado, e também o dia em que eu menos faço as coisas, o que consequentemente faz minha folga aumentar, e por sua vez reduz minha atividade... ainda bem que o dia só tem 24 horas, senão isso seria um ciclo infinito até eu começar a vegetar. E minha vegetação não seria tão verde.
Acho que um dos motivos pelo qual eu abomino as terças, é que ela me faz pensar. E pensar é uma coisa tão monótona... Ninguém se diverte pensando, só por pensar.
Grande mal necessário.
Pois é, eles existem realmente.
Mas voltando ao tema do post, essa terça-feira me balançou de verdade.
O curso de Física continua difícil, eu ainda não suporto multidões e ando trabalhando demais, mas dessa vez eu me perguntei o porquê.
Tudo o que eu faço, faço por um motivo, e isso já deixei bem claro.
Se me esforço pra ser alguém, em parte devo a um pacto (ver. "Um pacto pela Eternidade"), e se hoje eu não penso em mais nada, é porque ou eu simplesmente já me acostumei a viver assim, ou porque simplesmente não tenho terças-feiras suficientes.
Dessa vez, acho que tenho medo de que, quando esse exílio acabar, eu não me recorde mais de como é não ser sozinho - eu não tenha mais motivo, ou até talvez coragem, de precisar de alguém denovo. Mas ainda assim, eu durmo à noite.
Qual seria então meu caráter? Quais seriam as vantagens pra mim em continuar sendo estupidamente humano?
O nosso caráter provém do nosso senso de retidão, de nunca deixar de ser o que nos propomos a ser, ainda que isso não seja necessário. É isso o que eu sei, e é no que devo acreditar.
Eu me proponho a estar com as pessoas, ao final do exílio, ainda que isso não seja necessário.
Pelo menos até a meia-noite.

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Um pacto pela Eternidade

O dia de finados passou nesse último fim de semana, e eu nem tinha visto ele chegando. Às vezes ainda me deparo, certa frieza, com a morte.
E é engraçado como depois desse Domingo me veio à cabeça uma lembrança: há um tempo atrás - pouco mais de um ano - fiz uma pacto com alguém de sermos eternos. De não morrermos. Porque morrer é algo tão subjetivo...
Quantas pessoas nesse mundo eu conheço, mortas de coração pulsando?
Eu prometi ser eterno, e tenho feito coisas por isso. Vivo a cada dia pensando na importância que ainda é possível ter: marcar as pessoas, fazê-las pensar no que aconteceu ao redor delas, e que sozinhas jamais teriam percebido. Fazer aquilo que ninguém mais fará. A minha parte do pacto acabou sendo a mais difícil, amigo.
Ficar aqui, e zelar.
Nosso pacto pela eternidade, no final das contas, me fez entender a morte.
Eu ia caminhando, e ia lembrando...
Meu amigo já não pode mais estar entre nós. De certa forma, já deu a sua contribuição para a construção do mundo, mas ele cumpriu sua parte no pacto. E prova disso é que no mundo todo não existe, pra mim, um lugar onde eu pudesse lhe ofertar flores nesse Domingo. Ele não precisa.
Não precisa de carinho, não precisa dizer nada.
Nem de lágrimas, nem de flores.
Ele é eterno.