domingo, 27 de dezembro de 2009

Entre os Tempos

São as primeiras horas do dia 27, e o Sol ainda nem nasceu.
Provavelmente não haverá hora melhor de postar a última notícia do ano. Hoje eu percebi que o mundo é um lugar muito grande, e existem aproximadamente sete milhões de pessoas diferentes vivendo nele. Mas de tantas pessoas, acho que não vou poder mandar cartões de Feliz Ano Novo para nenhuma, afinal, ainda não acredito na importância da mudança de data.
O caso é que alguém me fez um pedido interessante. Um pedido tão interessante que eu considero válido atendê-lo durante um ano todo. Já que eu mesmo não sei como explicar, vou simplesmente transcrevê-lo, exatamente como me foi feito:
"Eu entendo como possivelmente está se sentindo, mas não aprovo.
Eu acredito que você não está se focando naquilo que realmente importa porque talvez esteja desolado pela coisa errada, e isso eu não posso permitir. Talvez você não esteja - como creio que acredite - no fundo do poço. Pessoas no fundo do poço normalmente não podem deixá-lo tão facilmente quanto você pode.
Os últimos seis meses devem ser esquecidos, e nesse caso eu quero que você saiba que pode contar comigo. Mas, o está pensando em fazer agora para deixar isso para trás e voltar a ser a pessoa que eu conheço? O que você vai fazer quando o passado do qual você tem fugido nos últimos três anos finalmente estiver aqui?
Sei que pode pensar em alguma coisa. E eu sei que você não deveria continuar se sentindo assim. Não é certo. Algumas pessoas são totalmente capazes de decidir o que podem fazer, de maneira a superar seus problemas, mas você sempre teve a escolha de fazer diferente: você os ignorou, e isso resultou na falha que você presenciou nos últimos meses.
O que eu proponho a você é parar de fugir da vida que pode ter. Aceite suas responsabilidades com você mesmo, com as pessoas em que confia, e comigo, se possível. Não ouse deixar que a derrota destrua seu espírito, e não me desaponte. Você ainda tem um maravilhoso mundo inteiramente novo à sua frente, e não será uma perda total se você apenas encará-lo com os devidos olhos.
Eu tenho que ir agora, e vou te deixar com seus pensamentos. Quando o próximo ano começar, leia isso denovo. Talvez você encontre nisso alguma coisa pelo qual lutar. E eu com certeza espero que você tenha uma história pra mim nessa hora. Eu nunca deixei de acreditar em você.
Até a próxima vez,"
Esse recado estava na minha caixa de email desde dezembro de 2008, e faz parte de uma coleção de coisas antigas que eu guardo na minha "pilha de ruínas". Tenho que admitir que não fez muito sentido pra 2009, e não adiantou muito. Mas agora eu li denovo - hoje, nessa madrugada - e pensei que seria melhor vivê-lo agora.
Não vou dizer quem escreveu, nem quando me mandou, porque seria quase que uma traição (risos). Mas acho que isso é o que faz de tudo válido. Se eu disesse que foi alguém com um tridente e um par de chifres, e que cheirava a enxofre, ainda assim levariam a sério? Melhor deixar como está.
Bom, pelo menos já sei como aguentar mais um ano, e novamente me recusando a celebrar a importância da data (como fiz ano passado), meu recado continua também o mesmo: "Que amanhã seja um dia melhor que o dia de hoje, sempre. Essa é a fórmula para seguir em frente, sonhar nossos sonhos, e não ligar para falsos fins. Temos tantos pequenos começos verdadeiros pela frente..."

Boas Festas.

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Se Cães Tivessem Sentimentos

Já me disseram uma vez de um grupo de soldados, que estava se preparando para a guerra.
Parte do treinamento que eles tinham envolvia o trabalho com cães. Porém, havia um problema: só havia, no centro de treinamento, um cachorro. Era um belo animal, e estava devidamente preparado para a atividade nas regiões mais inóspitas onde um soldado deve se engranzar. Então, todos os soldados usavam o mesmo cachorro, e a cada dia de treinamento, um deles ficava responsável pelo animal. A cada dia, um dos soldados aprendia a lidar com cães durante uma batalha real.
Ao final de um mês, todos eles estavam preparados, e todos eles sabiam como usar um cão para ajudar na batalha, caso fosse necessário.
E ocorreu que seu país entrou em guerra. Mas, dessa vez, em um campo de batalha real, cada um tinha um cachorro. As coisas agora seriam mais fáceis, e toda aquela preparação de um mês agora teria um significado mais prático.
Durante a investida, todos os cães começaram a brigar entre si. O barulho alertou as tropas inimigas, e o que se seguiu foi um massacre. Nenhum dos soldados sobreviveu.
É muito fácil treinar para ter um sentimento de cada vez, estar preparado para saber uma coisa de cada vez, e principalmente para perder uma coisa de cada vez. Mas quando acontece tudo e uma vez, nada do que passamos nos dá um abrigo seguro. Mas “uma vez no centro o perigo, os homens não temem mais”. Uma vez que tenhamos experimentado a sensação de que as coisas podem realmente estar perdidas, e no final acabar dividido entre aqui e fugir - só quando se sobrevive a isso, é que a gente pode agüentar de tudo.
Só assim treinamos todos os nossos soldados de uma vez.

domingo, 13 de dezembro de 2009

O Tempo e a Coragem

Um pouco de ar nos pulmões, e eu sempre acabo acordando pra mais um dia.
Ultimamente meus dias têm sido bem aproveitados, de certa maneira. Na maioria deles eu fico sem muita gente por perto. É nesses momentos, digo, que minha mente se purifica e apenas aquilo que eu realmente penso fica. Nesses momentos eu percebo que é possível que não haja nada nesse mundo que eu não possa compreender, embora não há nada nesse mundo que eu não possa perdoar. Com o tempo, alguém há de dizer, todo mundo é capaz de entender qualquer coisa. Sim, de fato isso pode ser verdade. Mas o que fazer quando o tempo do qual necessitamos não é o tempo do qual dispomos? Quantos erros alguém é capaz de cometer enquanto age sem saber o que realmente está acontecendo? E quando o problema não precisa de tempo para ser resolvido, e sim coragem?
Se tem uma coisa que eu aprendi com o exílio é que não se pode fugir por muito tempo de um problema. No fim, ele sempre acaba te encontrando e te deixando entre a cruz e a espada.
Voltando pra casa, na reta da UFV, eu me via de novo entre a cruz e a espada. Eu vi que precisaria de coragem, e agora ouso buscá-la em casa. As coisas na maioria das vezes não acontecem na melhor hora, mas na hora em que precisam, no fim das contas. E dessa vez eu vou tentar ouvir os meus próprios avisos - os sábios conselhos que dou a mim mesmo, agora que as coisas podem voltar a ser as mesmas, como há muito tempo não são.
Naquela reta eu ouço um grande amigo do passado me falando das verdades, alguns amigos do presente me falando da vida, e me lembro de uma grande amiga que me trouxe um presente: coragem.

domingo, 22 de novembro de 2009

Redenção

De uma maneira um tanto feliz, eu aprendi algumas coisas interessantes no decorrer dos últimos meses. A primavera se dirige para seu último mês e a grama da UFV parece um pouco mais verde a cada dia. As noites ficam mais curtas, e os dias ficam mais longos.
Essa nova face do mundo a que fui apresentado, agora, parece menos amigável graças a uma valiosa lição que recebi: para que alguém tenha aquilo que quer, alguém tem que perder. Ora, eu mais do que ninguém deveria saber que tudo precisa de um equilíbrio, e aquele que tem medo de vencer sempre vai perder.
Digo isso porque acabei assistindo um amigo passar por praticamente a mesma coisa que eu um dia passei, e precisando da mesma ajuda que eu achei que deveria ter recebido. E não havia, nem provavelmente haverá, nada que eu possa fazer.
E o mundo vai fazer isso com aqueles que não forem capazes de obter por si mesmos aquilo que desejam, de alcançar aquilo que só tinham forças para tentar uma vez. E não digo isso pelo meu amigo, nem por mim. Digo por uma pessoa muito especial que algumas vezes eu deixei de valorizar, por simplesmente exigir muito mais do que ela é capaz de me oferecer - ou de oferecer a qualquer outro. Eu percebi que não tenho a melhor irmã do mundo, mas é exatamente a que eu precisava ter. E essa completude, essa sensação estranha e maravilhosa de que tudo acabou acontecendo como devia, me acendeu uma chama para o futuro. Nós nascemos no mesmo lugar, e fomos criados no mesmo lugar, mas nossa diferença, ao meu ver, pode realmente ter nos completado, ao longo dos anos. Vejo isso claro como água agora.
Minha cidadela começa a tomar nova forma, pelas lições que resolvi botar em prática. Tenho ainda muito trabalho até o verão chegar, e mais uma batalha há de vir. Talvez dessa vez eu a enfrente com um sorriso, e talvez esteja de conciência tranquila para, como diria uma amiga, "machucar as pessoas certas para ter o que quer.". Pelo menos vou tentar recuperar o que fiz às pessoas erradas, por enquanto.
Talvez eu te ame agora, só não sei dizer ainda.

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

"Será a mesma coisa?"


Sarah - Ray LaMontagne

Ray LaMontagne - Sarah

When we first met we were kids,
Quando nos encontramos pela primeira vez éramos crianças,
We where wild, we were insects.
Éramos livres, éramos insetos.
And after a while, i grew coarse,
E depois de um tempo eu fiquei rude,
I grew cold, i grew reckless.
Fiquei frio, fiquei descuidado.

I hold this memory, hold you so close to me,
Eu me agarrei a essa memória, mantive você perto,
Whispered were we always happy.
Murmurei que sempre seríamos felizes.
Lately it feels like i'm asleep
Mais tarde parecia que eu estava dormindo
And i just can't wake up.
E não conseguia acordar.
Pacing the floor, want to call,
Me arrastando, tentando chamar,
But i can't so i hang up.
Mas não podia, então me desliguei.
Sharing a secret on the train
Dividindo um segredo em um trem
With a lady who's crying has ruined her make up.
Com uma mulher cujo choro estragou a maquiagem.

Now i see just how young,
Agora eu percebo o quão jovem,
How scared i was.
Quão assustado eu era.
Eyes closed tight,
Olhos bem apertados,
Throwing puch after punch at the world.
Atirando soco após soco em todo mundo.
Sarah, is it ever gonna be the same?
Sarah, algum dia será a mesma coisa?
Sarah, is it ever gonna be the same?
Sarah, algum dia será a mesma coisa?

Said goodbye to all the places i used to go.
Disse adeus a todos os lugares que ía.
Said goodbye to all the faces i used to know
Disse adeus a todos os rostos que conhecia.
Nothing lasts forever.
Nada dura para sempre.
I guess by now, i should know.
Acho que agora eu deveria saber.
I should know.
Eu deveria saber.

There ain't a thing i can say
Não há nada que eu possa dizer
That will ever repair.
que não possa consertar.
And you, who had so much advice,
E você, que teve tantos conselhos,
And yet couldn't share.
E não pode compartilhar.
Maybe someday, we will look back at this
Talvez algum dia, nos lembraremos disso
And we'll smile, but right now i can't bear.
e vamos rir, mas agora eu não posso suportar.

Now i see just how young,
Agora eu percebo o quão jovem,
How scared i was.
Quão assustado eu era.
Eyes closed tight,
Olhos bem apertados,
Throwing puch after punch at the world.
Atirando soco após soco em todo mundo.
Sarah, is it ever gonna be the same?
Sarah, algum dia será a mesma coisa?
Sarah, is it ever gonna be the same?
Sarah, algum dia será a mesma coisa?

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Os Primeiros Quinze Minutos

"De tudo um pouco". Essa foi a sensação que emanava de uma rodoviária, perdida no mundo. Um pacto que foi feito por uma razão que já não mais se fazia presente, chegava ao fim.
De tudo um pouco, pelo fato de que aquela seria a última vez que um evento fantástico aconteceria, e todo o Universo parecia olhar para aquela porta de ônibus, onde apenas duas pessoas compreenderiam a maravilha do nascimento de uma nova vida, e a fatal imponderabilidade do tempo correndo.
Na minha mão, um envelope. Nas mãos dela, uma mala. Tinha que ser assim, pois foi esse o acordo. Aquilo que acontecera tantas vezes nos últimos seis meses, agora estava acontecendo pela última vez. E era irremediável. E era fantástico. Ambos completamos nossa parte na vida um do outro: nossa parte em um acordo sagrado. Ônibus sempre demoram para chegar, mas nunca para ir embora. Tudo um pouco foi embora, e numa única respiração se foi todo o resto: a ansiedade, a agonia, até a tristeza. Para aquelas pessoas ao redor, que haviam reconhecido a doce despedida que havia se iniciado - e por fim tecia seus últimos fios - a face nova do mundo ludibriava e eternecia. Nascia uma pequena vila de pessoas que sabiam que o mundo não é só trevas e luz: havia um meio termo e ele estava ali. As trevas do adeus misturadas à luz de o quanto ela havia os modificado.
E foi assim: eu a havia mostrado como as coisas funcionam, e sob quais regras somos formados, e ela havia me mostrado o quanto nem lógica nem sentimento podem ser fontes seguras. É preciso uma mente para mediar ambos.
Voltei pra casa, nos primeiros quinze minutos, e cada rua, cada esquina, assumiam em si uma importância colossal. Cada segundo agora era testemunha de um homem transfigurado pela vida, e pelas suas reviravoltas. Um sonho morreu, e outro veio assumir seu lugar. Agora existem armas para lutar por ele: uma cidadela há de ser reconstruída para abrigá-lo.
Quando cheguei, abri o envelope. No último parágrafo dizia: "Agora não somos os mesmos de quando começamos, e é isso o que significa. Você cumpriu sua parte, e me mostrou o que eu precisava ver. E você pode não achar, mas eu cumpri a minha. Agora você tem um outro mundo, e você se tornou uma pessoa melhor, sem sequer perceber."
Era tudo o que eu precisava ouvir.

domingo, 18 de outubro de 2009

Um Menino de Doze Anos

Eu me lembro bem que era sábado.
Acordei meio indisposto, e com uma caneca de porcelana de chá, fui pra minha varanda, sentar no meu banco e tentar botar a cabeça no lugar pra começar mais um dia. Olhar em volta, quase sempre, faz bem. Você quase se esquece de que as coisas não estão ali só porquê você quer.
Na minha vista, naquele dia, havia uma gincana - dessas de escola do ensino fundamental. Como não tinha nada melhor pra fazer, fiquei ali, por um instante, assistindo uma corrida de meninos de doze anos. Com a corrida já no fim, eles pareciam cansados, e um deles estava ficando pra trás. Ele cai. Provavelmente esfolou um joelho no concreto. Provavelmente aquela teria sido a hora de ficar no chão - de esperar que um pai ou uma professora venha levantá-lo. De lamentar. Eu baixei a cabeça, e sorri pra mim mesmo: o mundo não pode ser mesmo perfeito.
Quando levantei a cabeça, ele levantou, bravo comigo. Ele levantou e continuou correndo, mesmo quando já não havia motivo, mesmo quando já não havia esperança. E enquanto todos os seus colegas cruzavam a linha de chegada e punham as mãos entre os joelhos, cansados, aquele garoto chegou em último, mas correu além daqueles pobres vencedores - correu até um muro de pedra no final da pista, para longe das comemorações. Aquele muro era sua vitória. Naquele muro ele tinha chegado primeiro.
Nele já não havia raiva, não havia lamento - havia a conciência do dever cumprido para consigo mesmo - a vitória que se consegue para que ninguém veja. Nesse momento, ele olhou pra mim denovo, e eu o aprovei com um sorriso.
Ele sabia, de certa forma, que nós estavamos ligados por um objetivo em comum: lutar por coisas que ninguém compreende, ainda que sem motivo, sem esperança.
E eu, naquele momento, estava caido com os joelhos esfolados, e aqueles olhos de um menino de doze anos me convenceram a me levantar e correr.
Eu levantei e corri.

quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Uma Espécie de Paz Temporária

Estou tentando até agora, de certa maneira, recolocar os pés no chão depois de uma temporada no céu. Admito que certas coisas estejam bem diferentes agora do que eram quando comecei a viagem. Pelo menos estou feliz pelos muros da cidadela ainda estarem de pé. Ainda resta, nesse momento, algo a defender.
A doce época das chuvas acaba de chegar, e eu que passei o último mês esperando um bom motivo pra me molhar, acabei encontrando um motivo bom o suficiente para olhar pela janela, e ficar em casa. De forma estranha, a gente sempre sente falta de certos fantasmas, que nos perseguiram por tempos sem fim até perceberem que nós crescemos e não temos tempo pra eles. Então eles somem, e inesperadamente nos deixam um vazio. Hoje eu olhei pela janela, procurando por um fantasma. Procurando por um problema antigo que já não está mais lá. Agora ele deixou um perigoso espaço para outro aparecer. Então, eu aproveito nos últimos dias um tipo estranho de paz temporária, contando os dias para ela acabar.
Acho que todo mundo merece uma paz temporária. Um tempo em que realmente se tem que pensar no que está acontecendo, afinal. Obviamente porque a partir de certo ponto não há como voltar atrás, principalmente quando já estamos sentindo na pele as conseqüências de determinadas escolhas, e o peso dos anos passando sem serem aproveitados. Todos os anos podem ser aproveitados.
Engraçado que, foi tentando aproveitar um ano perdido que eu me meti no problema de que eu falei. Foi fazendo uma promessa sem sentido, pra mim mesmo. Eu nem sou confiável com promessas, nem exijo que as pessoas cumpram o que me prometem. Eu não espero nada de ninguém, principalmente algo que não possam me oferecer. Ainda bem que fui salvo dessa promessa pela minha eterna preguiça.
Prometi que numa próxima vez seriamos perfeitos. Acho que seremos perfeitos estranhos.

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Tempo de Morte, Tempo de Vida

O tempo todo, em todo lugar, eu me vejo rodeado de antíteses. Umas dizem respeito a coisas que eu deveria ter feito, outras às tantas que não deveria. Se existe alguma ordem no Universo capaz de explicar essas coisas, ainda é um mistério pra mim.
Acho que apesar de tudo, os anos que eu carreguei nas costas acabaram me endurecendo um pouco demais, e eu imagino que aquela velha "dorzinha" que eu sentia por dentro acabou encontrando um bom casulo. Por trás dos muros que eu ergui ao longo dos anos, ela encontrou abrigo seguro. Ela já nem me incomoda mais, como fazia há um tempo.
Eu ultimamente tenho me sentido, então, perfeitamente à vontade sendo uma pessoa completamente detestável. Isso, ao contrário do que possa parecer à primeira vista, é uma coisa boa. Cheguei ao máximo do "quem liga?", e tento me focar nas obrigações mais urgentes: aquelas que envolvem as pessoas. Pelo menos enquanto tentar compreender como elas têm me afetado ultimamente. Elas têm. E eu tenho sido muito passivo para com elas. Em algum momento, eu sabia, isso teria que mudar para pior.
É hora da guerra voltar à tona.
Quando se compreende um dom, deve-se aceitar a responsabilidade que o acompanha, e eu estou ciente da minha, e talvez isso me ajude a travar as batalhas futuras. Com o fim do inverno, os nossos exércitos desmontarão acampamento, e os campos devem encher-se de sangue novamente.
E talvez a mesma batalha, travada a cinco anos numa tempestade, se repita. Dessa vez numa brisa leve...

PS.: Hoje achei um bilhete na minha escrivaninha. Era o eu de ontem falando com o eu de hoje. Ele dizia: "Você ainda pode fazer alguma diferença, ou nenhuma, mas só há uma maneira de fazer isso depender de você. Prepare-se para a guerra."

quinta-feira, 30 de julho de 2009

Questão de Perspectiva

Pôres-de-sol. Definitivamente essa é a melhor coisa no inverno, além de fazer muito frio, é claro.
Levantar da cama ficou cada vez mais difícil, e muito embora eu não tenha visto o sol nascer ultimamente, as vezes largo um pouco as coisas de lado pra ver ele se por, por uma janela do departamento de física.
Depois de tanto tempo, acho que aprendi a gostar desse lugar. A falta das pessoas acaba me fazendo bem. Talvez o exílio não seja aqui, afinal, mas fora daqui.
E um dia eu ia olhando o sol se por, e nascer para alguém, em algum lugar do outro lado do mundo...
Que lugar fenomenal, onde não se encontra nada que não tenha valor para absolutamente ninguém. Até a folha seca no chão que eu vi hoje de manhã, vindo pro campus, deve significar alguma coisa pra alguém. Mas nos ultimos meses a saudade que eu tinha de algo importante foi desaparecendo, e sendo substituida pelas coisas que eu passei a ignorar. Tudo com o que eu tenho tentado me importar ultimamente, já é importante para outra pessoa, e dentre os meus defeitos está o fato de eu não gostar muito de compartilhar coisas que realmente importam pra mim.
Até o inverno passar, eu ia deixando o vento soprar e o sol continuar se pondo, enquanto a sensação de que sou parte de algo importante, para alguém que está longe, voltou por um momento. Naquela hora, naquele lugar, eu não devia ter feito a coisa certa.
Aquela sensação passou, e eu me vi voltando mais uma vez. Alguém tinha varrido a folha seca...

domingo, 5 de julho de 2009

A Estranha

Mais uma semana foi embora, e eu estou sozinho.
Essa é uma das vantagens de ser o único a ficar em Viçosa no início das férias, e tentar aproveitar o final, enquanto o resto da Universidade resolve aproveitar desde o início. De fato, talvez não todo o campus, mas o Departamento de Física é meu.
Nessa época eu passo semanas inteiras sem ver um rosto amigo, e o meu grave defeito de analisar as pessoas torna-se mais evidente. Foi nessa época, mais ou menos a uma semana, que eu tive contato com aquela mulher.
O DPF normalmente fica trancado aos sábados, e só quem tem a chave consegue entrar. Quando eu já ía pra casa, ela estava do lado de fora, tentando entrar. Estava procurando um professor. Como eu tinha a chave, decidi que iria acompanhá-la pelo prédio, depois ajudá-la a sair dele. O professor, ao que parece, não estava lá.
O caminho de volta, então, foi uma reta inteira dela falando e eu ouvindo, do jeito que costuma ser.
Ela me contou a história da filha dela, que é bolsista do CNPq (a mesma instituição que me financia) na oitava série, e que ela é muito inteligente, mas precisa, às vezes, ser cobrada. E enquanto a gente ia conversando unilateralmente, eu percebia o monstro que tinha me tornado, pois enquanto meus ouvidos ouviam o que ela dizia, meu cérebro tirava da mente dela a verdade. Eu sabia, todo o tempo, selecionar exatamente aquilo que era certo e o que era errado no que ela falava. E eu, ao mesmo tempo, lembrava da minha mãe. Lembrava o quanto a história daquela menina, e da sua mãe faladeira, havia sido aquilo da qual eu tinha me livrado.
Eu era um fenômeno, lia e escrevia desde muito cedo, aprendia qualquer coisa com uma facilidade incrível. Com certeza, eu poderia ser famoso hoje, poderia ter entrado pra universidade muito mais cedo, e talvez até já tivesse um doutorado. Não foi assim porque minha mãe não deixou.
E graças a ela, agora, eu conheço todas essas pessoas maravilhosas que conheço aqui, hoje. Não trocaria o que sou agora por mil diplomas. Graças a atitudes a tanto tempo esquecidas, que naquela conversa com uma estranha voltaram à minha mente, é que hoje eu posso dizer da liberdade que eu sinto pra fazer o que eu quizer, pra ser o que eu bem entender, e se eu entendo. Por causa da minha mãe eu não sou um animal de zoológico, e posso usar minha capacidade para as MINHAS grandes coisas.
Especial não tem nada a ver com ser melhor do que os outros, mas fazer suas ações se destacarem entre os estranhos.

quarta-feira, 1 de julho de 2009

Diálogo

- Então é isso?
- É, tenho que ir pegar meu ônibus.
- Tá bem então, vou tentar me acostumar à vidinha denovo...
- Você vai se dar bem ainda. Eu te conheço.
- Você não me conhece...
- Conheço sim. Você gosta de analisar as pessoas.
- (Risos)
- Me analisa.
(Pausa)
- Você tem medo de que as pessoas te vejam como a sua imagem no espelho. Por isso fala sem parar o que pensa, sem na verdade pensar muito no que fala. Quer ter certeza de que as pessoas te ouvem ao invés de te ver. Acha que ninguém no mundo sabe a diferença entre o que você é aí dentro e o que é aqui fora.
- Pelo menos ninguém sabia (Pausa). Esse é o seu mundo, não o meu. Me desculpa por não poder ficar.
- Bom... você só está fazendo a coisa certa. Acho que nós dois aprendemos a lição.
- "Por que você quer tanto fazer a coisa certa?" Hehe... Vou sentir falta disso, cara...
- Como você sabe, eu não vou.
- É, eu sei... Foi bom te achar aqui. A gente se esbarra.
- A gente se esbarra.
(abraço, passos, porta)

segunda-feira, 15 de junho de 2009

"Na despedida eu sorri..."

Dizem que o inferno está cheio de bons conselhos e boas intenções. Quando voltar de lá, acho que poderei dar uma resposta definitiva.
Eu tenho um bom conselho: nunca confie à alguém o destino da sua felicidade. Nunca, jamais, exija de outra pessoa que olhe por alguém que ama. Não confie na imprevisibilidade. Esse mundo é previsível o suficiente para ficar cada vez pior; para atrair esforços em vão.
Apesar do que minhas palavras possam parecer, não estou com raiva. Acho que ultimamente não tenho tido tempo nem pra isso. Mais uma batalha está para terminar, e enquanto o exército inimigo está deixando a minha cidadela, eu dessa vez me debruço sobre o cálculo das perdas.
Digamos que certas batalhas também devem ser perdidas. Certos caminhos é preciso trilhar sozinho, "e as vezes é preciso realmente fazer a coisa certa, não é?".
Aprender é isso, no fim das contas. Não importa se perdemos a batalha, mas como a derrota nos influencia e como mudamos por causa dela. Perder, de uma forma tanto irônica, é vencer.
Perdi a chance de ser mais verdadeiramente humano, mas ao mesmo tempo tenho agora a oportunidade de mostrar aquilo que tenho de mais verdadeiro em mim, seja como eu for. De tudo o que passou, eu sei sozinho que nada nesse mundo vai me trazer de volta o mesmo combate, para que eu possa travá-lo denovo. Travá-lo de novo, pensando mais profundamente, não valeria à pena. As noites sozinho num terraço procurando por estrelas cadentes rodeadas de balões meteorológicos, a noite de uma festa perdida no tempo. O dia em que eu vi motivos para o mundo existir. Mas, dessa vez, na despedida eu sorri...
Eu só tenho um coração, que só me deixaram testar uma vez. Ele não passou no teste, e eu acabei devolvendo.

segunda-feira, 8 de junho de 2009

As Loucas Aventuras do Homem-Robô

O tempo seco da cidade, o frio, e a eterna acompanhante: a preguiça. Essas são as coisas que têm dificultado meu trabalho ultimamente. Não importa o quanto eu me esforce durante o período, o final dele é sempre assim. Muitas provas e pouco ânimo.
Como todo bom mês de junho, eu fico mais sozinho do que de costume.
Evito conversas, evito contatos, e duplico meu horário de estudo por causa das provas.
Me dá gosto atravessar a reta da UFV, quase à meia noite, sem ninguém de um lado ao outro. Me dá uma sensação de que tudo é meu, e que não há ninguém no mundo para me ouvir resmungar sobre a vida que eu tive, e que deixei ir embora por um capricho, para viver, como eu já disse em algum momento, um clichê do mal.
"Homens que viveram muito tempo de um grande amor e depois foram privados dele cansam-se, às vezes, se sua nobreza solitária. Aproximam-se humildemente da vida e de um amor medíocre fazem a sua felicidade." Eu, por outro lado, continuo na fase da solicitude silenciosa, do saber sozinho, ainda não encontrei um amor medíocre. E me surpreende ver algumas luzes acesas em alguns apartamentos quando eu volto, onde alguém, que deveria estar dormindo, não está.
Queria poder ser o único a experimentar a madrugada, o frio leve do saber insensato que ela me proporciona. Congelar o que me restou de humano.
Nesse ambiente, toda a minha dúvida desaparece, e é quase como se tudo fizesse sentido: devolver uma vida ao seu dono, me esquecendo de que era a única que eu tinha. Espero que ele a aproveite. Tenho certeza de que vou queimar no inferno.
Talvez me sentir em casa...

quarta-feira, 3 de junho de 2009

A Responsabilidade Aceita (parte 2)

"Exatamente 18 minutos depois, lá estava ele. Tinha levado mais tempo do que o necessário, porque não foi em linha reta - foi em ziguezague, pensando no caminho que estava voltando a não gostar do lugar. Mas uma vez que tivesse se responsabilizado em ir, era lá que ele devia estar. Devia.
Estava tudo certo. A 'amiga da irmã' gostava dele, ele não tinha nada a perder. Tudo correria bem. Os dois então, ficaram sozinhos. Mas tudo o que ele conseguia pensar era naquela moça que estava naquela escadaria, e das amigas distraídas e atrasadas que ela tinha. Por mais que ele estivesse ali, com uma pessoa maravilhosa que gostava dele, não era ali que ele queria estar. Essa era a verdade. Essa era a sua verdadeira responsabilidade aceita. Estar ao lado de uma menina, completamente desinteressada, na escadaria de uma cidade pequena, perdida em algum lugar do mundo.
Aquele cara saiu de onde estava, mas simplesmente não conseguiu voltar à escadaria. Ela, de fato, jamais tornaria a vê-lo naquela noite.
Ele voltou pra casa. Já não gostava do lugar, denovo.
Seus amigos chegaram de madrugada, quando já estava dormindo. Haviam combinado de dormir na casa dele. E não era preciso mais nada quando no outro dia, seu amigo de infância o acordou, e lhe disse que a menina tinha ficado naquela escadaria a noite toda, sozinha.
Ele prometeu nunca mais sair de perto dela."
Weaver me disse que se lembrava do rapaz que tinha lhe contado essa história. Era um rapaz fascinante, que tinha perdido o gosto pela vida, mas que tinha uma responsabilidade aceita. Uma responsabilidade que, quando Weaver me mandou aquele email, eu estava pronto para abandonar. E Weaver, nessa única vez, me disse: "Enquanto aquele rapaz carregar essa responsabilidade para com ela, por causa disso ela terá um diferencial, ela carregará um destino que a tornará especial. Ela será a única coisa capaz de fazê-lo agir sem a sua lógica. Mas uma vez que ele a deixe ir, voar com as próprias asas, ela se tornará uma pessoa igual a todas as outras, terá uma vida e vai aprender da forma mais difícil o quanto ter o controle exige responsabilidade."
Aquele rapaz, então, mesmo duvidando um pouco, deixou ela ir, e abandonou a única responsabilidade aceita que realmente teve. E onde quer que Weaver esteja agora, mesmo depois de morto, deve estar rindo da cara dele e dizendo: "Eu disse, não disse?".
Você disse, Weaver. Eu sei que você disse...
Feliz aniversário.

terça-feira, 2 de junho de 2009

A Responsabilidade Aceita (parte 1)

Não escrevo no mês de maio, pois para mim é um mês sagrado.
Se estivesse vivo, Weaver teria feito 17 anos no último dia 13. Gosto de passar o mês me lembrando das coisas pelas quais ele me ajudou a passar. E numa dessas lembranças me veio uma história que ele me contou, há mais ou menos três anos. A história de um cara, e de como ele descobriu uma responsabilidade que ninguém lhe disse que tinha. E essa é a história que eu vou contar, mais ou menos como ele me contou por e-mail:
"Um sujeito muito especial que eu conhecia estava num festival, desses de cidade pequena. Todo ano tinha aquela barulheira com música e bebida, que ele, pra dizer a verdade, não gostava muito. Estavam ele e mais dois amigos, entre eles um era seu primo. O outro era um velho amigo de infância. Eles andavam em meio à multidão, e conversavam a mesma conversa de sempre, quando ele viu uma conhecida sentada numa escadaria. Ela parecia sozinha e ele, então, resolveu se aproximar. Os seus amigos ficaram esperando ele voltar, enquanto ele sentava ao lado dela. De fato, estava sozinha, mas estava esperando suas amigas chegarem. Perfeitamente normal.
O cara voltou para os seus dois companheiros, e disse que faria companhia à moça por mais um tempo - até que suas amigas chegassem. Não havia nenhum mal naquilo. Eles se separaram, e lá estava ele. Quase pareceu um ser humano conversando com ela, e quase se esqueceu de que não gostava nenhum pouco daquele tipo de lugar. Ela era, no final das contas, a sua 'kriptonita', aquilo que o tornava excepcionalmente normal, uma pessoa exatamente igual a todas as outras.
Isso foi até a irmã dela aparecer.
A irmã dela o conhecia na escola, para onde ele tinha se mudado naquele ano. A irmã o chamou, e ele foi. E disse pra ele, então, que uma amiga dela estava realmente interessada nele, e que o encontraria do outro lado do parque, se ele quizesse.
Ele pensou bem, olhou para aquela moça na escadaria, e se voltou para a irmã dela. 'Estarei lá em cinco minutos.' A irmã foi embora. Ele deu uma ida até a escadaria, e disse a única frase que eu me lembro exatamente nessa história:
'Acho que você não vai me ver denovo hoje.'
Depois disso tomou seu rumo."
Amanhã eu conto como essa história termina, o que aconteceu longe daquelas escadas, e talvez tentar explicar o título dessa postagem. O que posso dizer por enquanto é que ele levou 18 minutos para chegar do outro lado daquele parque...

quarta-feira, 29 de abril de 2009

Reflexos do Outono

Estamos no meio do outono.
Essa é sem dúvida a minha estação favorita. É quando o entardecer no campus me parece mais pacífico. A grama ainda está verde, embora o inverno já esteja a caminho. Já às seis da tarde é possível ver o sol se por entre as árvores, e o azul torna-se laranja antes de cinza. Queima antes de apagar.
Já chegou a hora, pra mim, de filtrar novamente os planos - de retraçar as metas. Se tem uma coisa nesse clima que eu gosto, é que ele me inspira a refletir, não a pensar.
Pensar é encontrar os problemas, bater de frente com eles. Refletir é resolvê-los, ou no meu caso, deixar pra lá os que eu puder. A cada passo do meu dia, e a cada dia da semana, eu vinha perdendo o controle sobre mim. Essa agora é a oportunidade que eu tenho de me entender novamente comigo mesmo; é quando eu aceito o fato de que ainda sou muito covarde para tomar partido de certas coisas, e ainda tenho muito pouca coisa, pra arriscar perdê-las.
Sou rico de poucas coisas. Poucas coisas e os muitos momentos que elas proporcionam. É nisso que eu tenho me baseado para escolher o que deixar pra trás.
Quanto à minha guerra, mais uma batalha está prester a terminar, ao que parece. Agora eu não tenho certeza se eu sou feliz, com lapsos de tristeza pela guerra, ou se sou triste, com lapsos de alegria pela paz. Esse tipo de pensamento me pega de vez enquando, e tira o meu dia desse mundo. Nem sei, aliás, se realmente faz diferença... Ser feliz com intervalos tristes ou ser triste com intervalos felizes. A felicidade vem sempre pelos mesmos motivos, assim como a tristeza. A diferença ultimamente tem sido só o balanço entre as duas.
Quando a felicidade bater à minha porta denovo, só de brincadeira, é capaz de eu ficar com raiva dela só pra ver no que dá.
Talvez eu tenha medo do que eu posso descobrir.

Entardecer na UFV

sexta-feira, 24 de abril de 2009

Hymne

"Não pense nem por um momento que sou distante.
Torna-me quase necessária essa ausência, essa vontade que ainda não pude explicar de me afastar do que eu já não entendo mais. Estou acima de sistemas mortos, como esse que você vê todo dia pela sua janela, como esse de onde você sai quando chega da rua. Guerras, nações, religiões. Nada disso me importa mais, contanto que eu tenha, como motivo básico de continuar vivendo, a descoberta. Você está afogada demais na ilusão do que te cerca para descobrir o que realmente importa. Passamos a vida inteira com alguém nos ensinando o que é certo, sem nunca pararmos para questionar, sem nunca encontrarmos em nós mesmos a resposta que já veio pronta. Tudo o que eu realmente quis não me valeu de nada, no fim das contas, porquê eu pensava de maneira errada, porquê o sistema de trabalho-recompensa nem sempre é justo. Quase nunca é.
Eu fiz meu orgulho das coisas que ninguém pode ver ou tocar, para que não pudessem tirar de mim. Acho que era uma das peças que faltavam no meu quebra-cabeça.
Eu luto uma guerra que ninguém jamais compreenderá, para que ela não seja de mais ninguém. Só assim posso fazer com que ninguém me ajude. Mesmo as pessoas que ajudo, repudio, ao ponto de jamais ser ajudado por ninguém.
Não fique feliz pela vida que eu levo, e não acredite nas minhas palavras de orgulho. Eu sempre finjo que está tudo bem, e até eu acredito às vezes. Não preste atenção no que eu digo quando tudo o que eu posso sentir é dor. Sou uma pessoa diferente de tudo o que você conheceu, e tenho o direito de ser temido, ou odiado.
Não sinta pena. Esse é sem dúvida o pior sentimento que alguém pode ter por outra pessoa. Eu sou o que eu sou por um motivo, e esse motivo pode salvar a vida de muita gente, mas ainda não salva a minha. Eu sou alguém que faz coisas únicas, coisas que jamais você poderá fazer, porquê as experiências que me montaram não podem ser repetidas. Tenho o coração certo, e a vida certa.
E um dia tudo pode mudar."

quarta-feira, 15 de abril de 2009

"Antigamente eu acreditava que..."

"Se não houver esperanças de que o teu amor seja recebido, o que tens a fazer é não o declarar. Poderá desenvolver-se em ti, num ambiente de silêncio. Esse amor proporciona-te, então, uma direção no mundo. Ver-te-ás enriquecido por toda a direção que permite aproximares-te, afastares-te, entrares, saíres, encontrares, perderes. Porque tu és aquele que tem que viver. E não há vida se nenhum deus te criou linhas de força.
Se o teu amor não é recebido, se ele se transforma em súplica vã como recompensa da tua fidelidade, se não tem coragem para te calares, nessa altura vai ter com um médico para ele te curar. É bom não confundir o amor com a escravatura do coração. O amor que pede é belo, mas o amor que suplica é amor de criado.
Se o teu amor esbarra com o absoluto das coisas, se por exemplo tem que franquear a impenetrável parede de um mosteiro ou do exílio, agradece a Deus que ela por hipótese retribua o seu amor, embora na aparência se mostre surda e cega. Há uma lamparina acesa para ti neste mundo. Pouco me importa que tu não possas servir-te dela. Aquele que morre no deserto tem a riqueza de uma casa longínqua, embora morra.
Se eu construir almas grandes e escolher a mais perfeita para a rodear de silêncio, ficarás com a impressão de que ninguém recebe nada com isso. E, no entanto, ela enobrece todo o meu império. Quem quer que passe ao longe, prosterna-se. E nascem os sinais e os milagres.
Não importa que o amor que alguém nutre por ti seja um amor inútil. Desde que tu o correspondas, caminharás na luz. Grande é a oração à qual só responde o silêncio; basta que o deus exista.
Se o teu amor é aceite e há braços que se abrem para ti, então pede a Deus que salve esse amor de apodrecer. Eu temo pelos corações cumulados."
Antoine de Saint-Exupéry in Cidadelle

sexta-feira, 3 de abril de 2009

Mensagens de um Mundo Distante

"Nós todos temos o hábito de esquecer o que nos faz tristes, quando estamos felizes. A depressão nos abandona, o alívio toma conta, mas é só uma chuva entre os raios da tempestade. Eu, eu lutei esta guerra por anos, mas é na paz que devo me lembrar de meus inimigos."
Esse é o único trecho de uma postagem minha chamada "Diários de Guerra e Paz", que postei num blog há seis meses. Não vou dizer onde porque não importa. Reencontrei-o por acaso e, aparentemente, foi como se "eu" naquele dia estivesse enviando um alerta para o "eu" de hoje.
"...é na paz que devo me lembrar de meus inimigos." Que verdade mais fantástica, e mais cruel. Às vezes nem imagino o que passava pela minha cabeça naquele dia, ou o que realmente teria acontecido para me fazer pensar dessa forma. Acreditem, acontece até hoje, mesmo com as postagens desse blog. Mas o que realmente me chamou a atenção foi o título: "Diários de Guerra e Paz". É quase certo que essa postagem me inspirou a trocar o título deste blog, antes "Elias' Legends". E ela me vem agora tentando me fazer mudar o jeito de ver as coisas, e é uma pena que talvez tenha sido tarde demais. Talvez os tempos de paz que eu tive me amoleceram, e agora que a guerra recomeçou, os inimigos voltaram à linha de frente enquanto eu ainda acordo com preguiça todo dia. E de novo eu vivo tempos de guerra, sem estar preparado para eles, ainda com saudade daquela breve felicidade, daquela certeza antes do estilhaçar.
Sempre surge uma certeza antes do estilhaçar.

segunda-feira, 30 de março de 2009

Em Agradecimento: Solte a Panela!

Gostaria de agradecer a uma grande amiga pela postagem de hoje.
"Certa vez, um urso faminto perambulava pela floresta em busca de alimento. A época era de escassez, porém, seu faro aguçado sentiu o cheiro de comida e o conduziu a um acampamento de caçadores.
Ao chegar lá, o urso, percebendo que o acampamento estava vazio, foi até a fogueira, ardendo em brasas, e viu que dela haviam tirado um panelão de comida.
O urso abraçou a panela com toda sua força e enfiou a cabeça dentro dela, devorando tudo. Enquanto abraçava a panela, começou a perceber algo lhe atingindo. Na verdade era o calor da panela. Ele estava sendo queimado nas patas, no peito e por onde mais a panela encostava.
O urso nunca havia experimentado aquela sensação e, então, interpretou as queimaduras pelo seu corpo como uma coisa que queria lhe tirar a comida. Começou a urrar muito alto. E quanto mais alto urrava, mais apertava a panela quente contra seu imenso corpo.
Quanto mais a panela lhe queimava, mais ele apertava contra o seu corpo e mais alto ainda urrava. Quando os caçadores chegaram ao acampamento, encontraram o urso recostado a uma árvore próxima à fogueira, segurando a panela. O urso tinha tantas queimaduras que o fizeram grudar na panela e, seu imenso corpo, mesmo morto, ainda mantinha a expressão de estar urrando.
Quando terminei de ouvir esta história de um mestre, percebi que, em nossa vida, por muitas vezes, abraçamos certas coisas que julgamos ser importantes.
Algumas delas nos fazem gemer de dor, nos queimam por fora e por dentro e, mesmo assim, ainda as julgamos importantes. Temos medo de abandoná-las e esse medo nos coloca numa situação de sofrimento, de desespero.
Apertamos essas coisas contra nossos corações e terminamos derrotados por algo que tanto protegemos, acreditamos e defendemos. Para que tudo dê certo em sua vida, é necessário reconhecer, em certos momentos, que nem sempre o que parece salvação vai lhe dar condições de prosseguir. Tenha a coragem e a visão que o urso não teve. Tire de seu caminho tudo aquilo que faz seu coração arder. Solte a panela!"

segunda-feira, 23 de março de 2009

Na Noite da Chuva

Fiz uma viagem nesse fim de semana, e fui visitar meu pai.
Embora seja algo que tenho feito sempre que posso, o que por sinal não é tão frequentemente, dessa vez eu senti algo diferente. Senti que algo mais me levava de volta àquela cidade. A cidade onde eu cresci.
Não fiquei nem vinte e quatro horas lá, mas foi, de fato, uma visita diferente.
E foi quando eu já tinha a passagem de volta ao exílio comprada, quando a chuva começou a cair anunciando o retorno, que eu me dei conta de algumas coisas. Foi no caminho até a rodoviária, com a mochila nas costas e o guarda-chuva aberto, que eu me dei conta de que finalmente tinha descoberto a íntima relação que ainda tenho com aquela cidade.
Decendo aquela rua, em direção à rodoviária, eu tive essa impressão. Tive a impressão de que, selado no tempo, longe do alcance dos meus olhos, aquela cidade guardava um acontecimento irremediável no passado que afetava diretamente o que sou hoje, e que isto estava completamente fora do meu controle.
E o que me consolava naquilo tudo era saber que o irremediável exite, e que não podemos ser culpados pelas consequências dos atos diversos. Era saber que a minha pilha de ruínas ainda pode fazer algum sentido, o que me animou a estar lá - a ainda poder encontrar o caminho por aquela rua de pedras até a rodoviária.
De fato, sempre haverá uma linha tênue que me liga a um acontecimento fantástico, a uma bifurcação na estrada cinco anos atrás, quando tudo o que eu conhecia só estava "prestes" a mudar. Quando eu passei a defender a idéia de que alguns caminhos só podem se encontrar em lugares distantes, traçando meus rumos para o exílio.
E o exílio pode ser a casa do amor.

domingo, 1 de março de 2009

Eu Citando Eu Mesmo

" - Deixe-me dizer uma coisa, garoto. Se você não fizer por você, ninguém fará. Essa é uma das mais terríveis e fantásticas verdades, em qualquer lugar do Universo, e em todas as espécies. Você culpa sua racionalidade pelo que se tornou agora, mas não percebe que a racionalidade da qual fala está presente em absolutamente todas as culturas. Tudo, absolutamente tudo o que faz, é fruto da auto-preservação. Vocês oram a um Deus esperando que ele compreenda o quanto vocês foram bons e para que ele os ajude, pela auto-preservação. Vocês sentem a necessidade de ajudar apenas para se sentirem bem consigo mesmos. O egoísmo, ao que parece, foi o toque final de Deus para uma civilização funcionar satisfatoriamente. Foi a sua última descoberta.
- Por que está me dizendo tudo isso?
- Quero que retire Alfaziro daquela lista. Não quero seres humanos aqui."

Eu, em Paradoxo.

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

"Por que você quer tanto fazer a coisa certa?"

Essa foi uma frase que ouvi de uma pessoa muito especial. Alguém com quem, aliás, eu poderia ter me dado muito bem se o mundo permitisse, se nossos caminhos não tivessem sido, por um triste acaso, separados há algum tempo. Inclusive ouvir isso em um tempo tão oportuno, e em um lugar tão inexperado, talvez tenha salvado meu ano.
Se exite uma época em que de fato eu me sinto feliz de ser como sou, é no Carnaval.
É a única manifestação cultural de que esse país dispõe onde tudo o que aproveito é o feriado, é o ficar-sem-fazer-nada.
Em parte, estou muito cansado das coisas que têm passado pela minha cabeça, de ter que superar certas coisas. Estou cansado de fingir não me importar para as coisas que eu me importo, e principalmete estou cansado de ter que respeitar certas fragilidades. Muitas verdades, alguém pode dizer, não devem ser ditas pela dor que causam. Eu, de fato, tenho guardado para mim certas verdades que podem destruir vidas, mas evito dizê-las, guardo para mim esse veneno, e sofro por ele. Eu, pelo menos, já não tenho um coração capaz de sentir essas dores.
Assim, no decorrer da minha vida, me deparo com as oportunidades de machucar os outros, com as chances de destruir um mundo criado por outra pessoa, mas ao invés disso é a minha cidadela quem perde um tijolo por dia, já que meus aldeões todos se mudaram, irritados comigo.
Eu aprendi que um sacrifício que realmente vale à pena não pode realmente ter recompensas, é aquele que você faz pelos outros e que ninguém poderá fazer por você. É usar seus dons por um bem maior. O meu dom é, de fato, viver no mundo sem ser parte dele, sem me deixar levar pelo que acontece, por mais injusto que seja, e continuar fazendo, ou não, a coisa certa. Eu fiquei feliz em não fazer a coisa certa, e enquanto muitos buscam a felicidade num axé alto cheio de gente, eu busco em não dizer a alguém que poderia sofrer, aquilo que eu realmente teria que dizer, pra fazer a coisa certa.
Nesse feriado eu fiquei calado, eu não disse, porque essa menina me salvou.
"Por que você quer tanto fazer a coisa certa?"
O que eu sei é que ninguém jamais me perguntará por que eu fiz a coisa certa, por que, dia após dia, eu insisto em destruir a minha vida para viver um clichê do mal.
Prometi a mim mesmo que nunca mais teria autopiedade.

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Compreender e Perdoar

Já fazem anos que essa minha guerra vem sendo travada, e hoje senti a necessidade de falar sobre alguém que me fez suportá-la até hoje.
Não direi seu nome, nem direi como ele era, pois seria trair sua sobriedade, e sua imagem de responsabilidade. Tudo o que posso dizer sobre ele, é que ele me ensinou a entender as pessoas, a compreender seus motivos.
Quando se compreende os motivos de alguém, dizia, somos capazes de perdoar o que foi feito, o que é feito, e até o que será feito. Pude perceber, desde cedo então, a verdade sobre o perdão. Não perdoamos jamais quem não compreendemos.
Para entender as pessoas não devemos olhar para o que elas fazem, mas para o que elas são, pois o que elas são determina as suas ações e não o contrário. Saber o que uma pessoa é faz compreendermos seus motivos - e é por isso que, talvez, seja muito mais difícil. Com o tempo, fica cada vez mais difícil achar quem compreender, e ainda mais difícil quem nos compreenda.
Ainda assim, uma resposta tão simples sobre como entender as pessoas não denota facilidade em por em prática. Exige exercício, exige paciência, e exige, antes de mais nada, uma escolha: uma vez que aprenda a entender as pessoas, nunca mais conseguirá viver entre elas sem se sentir diferente. Deixa-se de fazer parte do todo e passa-se a observá-lo por fora. Acredite em mim quando digo, não foi a melhor escolha que já fiz, mas faria denovo se pudesse. Isso porquê fui muito bem ensinado, muito bem orientado, e faria tudo denovo.
Esse é o verdadeiro teste para uma escolha.

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

Nós Somos Vacas

Quando um bando de vacas resolve subir uma montanha, elas o fazem seguindo um caminho predeterminado. Geralmente elas a contornam, subindo em espiral. Esse é, de fato, o caminho mais fácil até o topo, e salta aos olhos que também é o que leva mais tempo. O interessante dessa "historinha" é que no caminho, as vacas deixam, então, uma trilha que as outras seguem. Assim, as outras vacas - as que não conhecem o caminho - seguem essa trilha.
Nós, como sugere o título dessa postagem, somos vacas.
Nos sentimos seguros por trilhar caminhos que outros já trilharam. Acreditamos cegamente na verdade do próximo, subestimando nossa importância na construção do caminho. Somos as vacas que seguem a trilha, quando podiamos ser as que trilham. Por quê? Porque nascemos assim, com a trilha já pronta, e o mundo anda rápido demais para que se possa pensar nisso.
Se eu faço essa reflexão hoje, se venho com esse assunto agora, é porquê acabei percebendo que o motivo que tem movido a minha vida ultimamente é a mais pura forma de egoísmo: Não ser esquecido.
Se há uma coisa que eu aprendi convivendo com as pessoas é que elas não vivem sem amor. Elas precisam amar alguma coisa, precisam desejar alguma coisa, algo que lhes dê sentido. Uma vez que eu já tenha, como venho deixando claro há algum tempo, isolado uma parte "ruim" das coisas que eu sinto do resto do meu corpo, passei a me perguntar porque é que eu vivo.
Eu vivo só pela curiosidade do que vai acontecer, só pra saber como isso vai acabar, e principalmente, pra deixar uma marca. Esse é, se a gente pensar bem, o nosso verdadeiro objetivo neste mundo. Mesmo pra quem ama, o sentido é esse. É isso o que justifica o nosso amor pelos iguais. E é o que justifica o amor dos bois pelas vacas. Continuar existindo pelos seus. Deixar sua marca e ser eterno.
Vamos deixar nossa marca, por amor ou por egoísmo. Vamos ser as vacas que trilham o próprio caminho.
Nós e elas somos iguais de qualquer jeito mesmo...

terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Um Grande Dia Para a Liberdade

Há muito tempo eu não posto uma música... pois bem, lá vai.

Pink Floyd - A Great Day For Freedom

On the day the wall came down
No dia em que o muro veio abaixo
They threw the locks onto the ground
Eles jogaram as armas no chão
And with glasses high we raised a cry for freedom had arrived.
E com as taças ao alto, gritamos pois a liberdade chagara.

On the day the wall came down
No dia em que o muro veio abaixo
The Ship of Fools had finally run aground.
A Nau dos Incensatos finalmente atracara.
Promises lit up the night like paper doves in flight.
Promessas incendiaram a noite, como andorinhas de papel voando.

I dreamed you had left my side.
Eu sonhei que você me deixara.
No warmth, not even pride remained.
Nem calor, nem mesmo orgulho sobraram.
And even though you needed me,
E mesmo que você precisasse de mim,
It was clear that I could not do a thing for you.
Era claro que eu não poderia fazer nada por você.

Now life devalues day by day
Agora a vida tem, a cada dia, menos valor
As friends and neighbours turn away
Conforme amigos e vizinhos partem
And there's a change that, even with regret, cannot be undone
E há uma mudança que, mesmo com desculpas, não pode ser desfeita.

Now frontiers shift like desert sands
Agora fronteiras mudam como a areia dos desertos
While nations wash their bloodied hands
Enquanto naçoes lavam suas mãos ensanguentadas
Of loyalty, of history, in shades of gray.
De lealdade, de história, em tons de cinza.

I woke to the sound of drums.
Eu acordei aos sons de tambores.
The music played, the morning sun streamed in.
A música tocava, o sol da manhã entrava.
I turned and I looked at you
Eu me virei e olhei para você
And all but the bitter residue slipped away... slipped away.
E tudo menos o resíduo amargo escapava... escapava.

sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

Sob Controle

Já há um tempo em que eu venho ressaltando as virtudes e os fatores a serem levados em conta quando uma escolha aponta à nossa frente. Mas existe, em raras oportunidades, a opção de não fazê-las. Muitas vezes somos incapazes de perceber isso. Existe muita coisa, muita coisa mesmo, que nós podemos simplesmente deixar pra lá, e que ficam ocupando espaço na nossa cabeça, na nossa vida.
Eu sei disso porque já evitei tomar a mesma decisão muitas vezes, e ela sempre acaba me achando denovo. Isso não significa que já a tenha tomado. Deixei para a próxima vez.
Se existe uma forma de viver uma vida razoavelmente tranquila, é não resolver todos os problemas, apenas mantê-los sob controle. Sempre que você resolve um problema, ou toma uma decisão, um ou uma mais difícil aparece. Mas se você resolve aqueles problemas mais urgentes e mantêm os outros sob controle, sem pensar muito neles, isso evita que apareçam muitos novos problemas, e não perdemos o controle.
Eu sei exatamente quais são os meus problemas, e sei muito bem como resolver a maioria deles, mas alguns eu simplesmente não quero resolver, pois estão sob controle.
Mais importante do que saber tomar as decisões, é saber deixar de lado aquelas que na verdade não importam, aquelas que não nos afetam e só preenchem um espaço que poderia ser usado para outras coisas, ou até melhor, para nada.
Chega de tentar ferir o que não se pode matar.

E para os juizes desavisados da última virada: “Não pensem que eu não tenho sentimentos. Eu tenho e sempre terei. Simplesmente não ligo mais pra eles.”

Transcrição

"Alguém se importaria se o mundo perdesse aquela pessoa detestável?
Você acha que a única verdade que importa é a verdade que pode ser medida. Boas intenções não contam. O que está em seu coração não conta. Ser gentil não conta pra você... A vida do homem não pode ser medida pela quantidade de lágrimas que são derramadas quando ele morre. Só porque você não consegue medi-las, só porque não quer medí-las, não significa que não sejam reais!
E mesmo se eu estiver errado, você ainda é um miserável!
Você acha mesmo que o propósito da sua vida foi de sacrificar-se e não receber nada em troca? Não! Você acredita que não há propósito... para nada. Mesmo as vidas que salva, você repudia. Você transformou a única coisa decente da sua vida numa decadência. Em algo sem significado.
Você é miserável por nada.
Eu não sei porque você quer viver."

Texto final da 2ª temporada de House MD

terça-feira, 13 de janeiro de 2009

Direção

A parte divertida da vida, disseram-me, é que tudo um dia muda.
Hoje faz um ano desde que escrevi a primeira página desses diários. E olha que a postagem nem é uma coisa minha. Na verdade, tudo começou, ao que parece, com uma análise do comportamento humano, quando esses diários ainda eram o "Elias' Legends". Muito tempo se passou e aqui estou eu, tendo quase como obrigação escrever-lhes hoje.
Acho que todo mundo um dia escutou alguém dizer que é importante, às vezes, ler o que escreveu. Agora, a essa altura dos acontecimentos, eu me peguei lendo o que tinha escrito há um ano, e para a minha surpresa, ainda pensava tudo aquilo.
A conclusão a que eu chego não é tão surpreendente: eu não sou nada além do resultado das escolhas que me trouxeram até aqui, mas os motivos que me levaram a tomá-las permanecem os mesmos, somados às experiências das escolhas em si. Nunca, em momento algum, o tempo ou qualquer outra coisa poderá nos roubar o peso do nosso conhecimento, da nossa experiência, das nossas escolhas. Acho inclusive que são as únicas coisas que ninguém jamais poderá nos tirar: isso e a chance de fazer alguma diferença através das nossas atitudes, através daquilo que nos marca como cidadãos de um mundo maior. Podemos ser eternos se aprendermos a realizar, se aprendermos a pegar a direção correta nas encruzilhadas que vêm à frente, baseados no que quer que seja: nosso conhecimento, nossos impulsos, nosso coração talvez. As lições e as possibilidades são infinitas.
A minha guerra não está nem um pouco próxima do fim, mas me divirto nos intervalos de paz em que escrevo, e mais um ano vai começar.
Temos ainda mais um ano para a felicidade nos encontrar...

quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

Câmbio...

Há uns meses atrás eu venho tentando o exercício válido de evitar a desculpa de estar sem tempo. Isso porquê, de maneira estranha, deixei de acreditar nela. Não significa, ao contrário do que possam imaginar, que tenha conseguido evitá-la...
Eu acredito que, de fato, não há tempo para tudo. Mas, mesmo assim, sempre há tempo para alguma coisa. Sempre há... inclusive para as coisas que nós não damos importância. Para aquelas que não são nossa prioridade. E muito embora eu já tenha definido minhas prioridades (risos incompreensíveis), eu ainda encontrarei tempo para o resto, ainda que o resto seja só sentar na grama da UFV e apreciar a paisagem.
Enfim, o que eu proponho, dessa vez, é que a gente tente encontrar tempo para coisas que praticamente não valem à pena para ninguém além de nós mesmos. Sem isso, por incrível que pareça, meus amigos, nós vamos enferrujar como máquinas.
Sei que o dia tem só vinte e quatro horas. Aliás, eu também estou preso a isso, infelizmente (risos compreensíveis). Mas não é uma questão de reprodução do tempo, mas de administração. Vamos lá, eu sei que vocês conseguem!
Enquanto isso, vou saindo porque tenho trabalho a fazer.
Vou tentar salvar alguém, no meio dessa minha guerra, de uma coisa que ninguém sabe que existe.
Até mais.