domingo, 27 de dezembro de 2009

Entre os Tempos

São as primeiras horas do dia 27, e o Sol ainda nem nasceu.
Provavelmente não haverá hora melhor de postar a última notícia do ano. Hoje eu percebi que o mundo é um lugar muito grande, e existem aproximadamente sete milhões de pessoas diferentes vivendo nele. Mas de tantas pessoas, acho que não vou poder mandar cartões de Feliz Ano Novo para nenhuma, afinal, ainda não acredito na importância da mudança de data.
O caso é que alguém me fez um pedido interessante. Um pedido tão interessante que eu considero válido atendê-lo durante um ano todo. Já que eu mesmo não sei como explicar, vou simplesmente transcrevê-lo, exatamente como me foi feito:
"Eu entendo como possivelmente está se sentindo, mas não aprovo.
Eu acredito que você não está se focando naquilo que realmente importa porque talvez esteja desolado pela coisa errada, e isso eu não posso permitir. Talvez você não esteja - como creio que acredite - no fundo do poço. Pessoas no fundo do poço normalmente não podem deixá-lo tão facilmente quanto você pode.
Os últimos seis meses devem ser esquecidos, e nesse caso eu quero que você saiba que pode contar comigo. Mas, o está pensando em fazer agora para deixar isso para trás e voltar a ser a pessoa que eu conheço? O que você vai fazer quando o passado do qual você tem fugido nos últimos três anos finalmente estiver aqui?
Sei que pode pensar em alguma coisa. E eu sei que você não deveria continuar se sentindo assim. Não é certo. Algumas pessoas são totalmente capazes de decidir o que podem fazer, de maneira a superar seus problemas, mas você sempre teve a escolha de fazer diferente: você os ignorou, e isso resultou na falha que você presenciou nos últimos meses.
O que eu proponho a você é parar de fugir da vida que pode ter. Aceite suas responsabilidades com você mesmo, com as pessoas em que confia, e comigo, se possível. Não ouse deixar que a derrota destrua seu espírito, e não me desaponte. Você ainda tem um maravilhoso mundo inteiramente novo à sua frente, e não será uma perda total se você apenas encará-lo com os devidos olhos.
Eu tenho que ir agora, e vou te deixar com seus pensamentos. Quando o próximo ano começar, leia isso denovo. Talvez você encontre nisso alguma coisa pelo qual lutar. E eu com certeza espero que você tenha uma história pra mim nessa hora. Eu nunca deixei de acreditar em você.
Até a próxima vez,"
Esse recado estava na minha caixa de email desde dezembro de 2008, e faz parte de uma coleção de coisas antigas que eu guardo na minha "pilha de ruínas". Tenho que admitir que não fez muito sentido pra 2009, e não adiantou muito. Mas agora eu li denovo - hoje, nessa madrugada - e pensei que seria melhor vivê-lo agora.
Não vou dizer quem escreveu, nem quando me mandou, porque seria quase que uma traição (risos). Mas acho que isso é o que faz de tudo válido. Se eu disesse que foi alguém com um tridente e um par de chifres, e que cheirava a enxofre, ainda assim levariam a sério? Melhor deixar como está.
Bom, pelo menos já sei como aguentar mais um ano, e novamente me recusando a celebrar a importância da data (como fiz ano passado), meu recado continua também o mesmo: "Que amanhã seja um dia melhor que o dia de hoje, sempre. Essa é a fórmula para seguir em frente, sonhar nossos sonhos, e não ligar para falsos fins. Temos tantos pequenos começos verdadeiros pela frente..."

Boas Festas.

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Se Cães Tivessem Sentimentos

Já me disseram uma vez de um grupo de soldados, que estava se preparando para a guerra.
Parte do treinamento que eles tinham envolvia o trabalho com cães. Porém, havia um problema: só havia, no centro de treinamento, um cachorro. Era um belo animal, e estava devidamente preparado para a atividade nas regiões mais inóspitas onde um soldado deve se engranzar. Então, todos os soldados usavam o mesmo cachorro, e a cada dia de treinamento, um deles ficava responsável pelo animal. A cada dia, um dos soldados aprendia a lidar com cães durante uma batalha real.
Ao final de um mês, todos eles estavam preparados, e todos eles sabiam como usar um cão para ajudar na batalha, caso fosse necessário.
E ocorreu que seu país entrou em guerra. Mas, dessa vez, em um campo de batalha real, cada um tinha um cachorro. As coisas agora seriam mais fáceis, e toda aquela preparação de um mês agora teria um significado mais prático.
Durante a investida, todos os cães começaram a brigar entre si. O barulho alertou as tropas inimigas, e o que se seguiu foi um massacre. Nenhum dos soldados sobreviveu.
É muito fácil treinar para ter um sentimento de cada vez, estar preparado para saber uma coisa de cada vez, e principalmente para perder uma coisa de cada vez. Mas quando acontece tudo e uma vez, nada do que passamos nos dá um abrigo seguro. Mas “uma vez no centro o perigo, os homens não temem mais”. Uma vez que tenhamos experimentado a sensação de que as coisas podem realmente estar perdidas, e no final acabar dividido entre aqui e fugir - só quando se sobrevive a isso, é que a gente pode agüentar de tudo.
Só assim treinamos todos os nossos soldados de uma vez.

domingo, 13 de dezembro de 2009

O Tempo e a Coragem

Um pouco de ar nos pulmões, e eu sempre acabo acordando pra mais um dia.
Ultimamente meus dias têm sido bem aproveitados, de certa maneira. Na maioria deles eu fico sem muita gente por perto. É nesses momentos, digo, que minha mente se purifica e apenas aquilo que eu realmente penso fica. Nesses momentos eu percebo que é possível que não haja nada nesse mundo que eu não possa compreender, embora não há nada nesse mundo que eu não possa perdoar. Com o tempo, alguém há de dizer, todo mundo é capaz de entender qualquer coisa. Sim, de fato isso pode ser verdade. Mas o que fazer quando o tempo do qual necessitamos não é o tempo do qual dispomos? Quantos erros alguém é capaz de cometer enquanto age sem saber o que realmente está acontecendo? E quando o problema não precisa de tempo para ser resolvido, e sim coragem?
Se tem uma coisa que eu aprendi com o exílio é que não se pode fugir por muito tempo de um problema. No fim, ele sempre acaba te encontrando e te deixando entre a cruz e a espada.
Voltando pra casa, na reta da UFV, eu me via de novo entre a cruz e a espada. Eu vi que precisaria de coragem, e agora ouso buscá-la em casa. As coisas na maioria das vezes não acontecem na melhor hora, mas na hora em que precisam, no fim das contas. E dessa vez eu vou tentar ouvir os meus próprios avisos - os sábios conselhos que dou a mim mesmo, agora que as coisas podem voltar a ser as mesmas, como há muito tempo não são.
Naquela reta eu ouço um grande amigo do passado me falando das verdades, alguns amigos do presente me falando da vida, e me lembro de uma grande amiga que me trouxe um presente: coragem.