quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Centros de Convergência

Vencemos mais um ano, e essa é finalmente a última postagem de 2010.
Geralmente é nessa época que encontramos os momentos que concentram a maior importância, aqueles pelos quais lutamos durante os últimos (quase) 365 dias. Eu posso dizer que, pra mim, esse finzinho de 2010 possui uma importância ainda maior, já que nesses últimos dias, e nos próximos dias, estão concentrados os momentos pelos quais eu lutei há cinco anos.
Eu finalmente parei pra pensar, esses dias, que encontrei meu centro de convergência, o nó essencial onde todos os caminhos se interligam. Nessa atmosfera de calor e otimismo, vou fazer as últimas matérias do meu curso de Física na UFV, vou consertar os últimos erros que ainda faltam, e muito em breve, espero, essa Guerra deve finalmente terminar - meu exílio se torna de minha escola em minha felicidade. Acho que é isso que importa, pra qualquer pessoa do mundo: encontrar aquilo pelo qual se luta sem saber, e sem esperar. É ver as coisas começarem a dar certo, ver o grande sistema do mundo começar a nos recompensar pelos nossos esforços. No meu caso, devo dizer, o mundo não precisou mudar - eu precisei.
E tudo consiste em encontrarmos nossos centros de convergência, a meta que traçamos em tempos longínquos. Foi só durante esse ano que eu aprendi como se deve fazer isso. Deixei grande parte da minha insegurança de lado, me preocupei em descobrir o que as pessoas tem a me oferecer e o que elas realmente são, ao invés de simplesmente bolar inúmeras teorias sobre o que está acontecendo lá fora, longe dos meus olhos. Em seguida, vem a parte mais difícil: me permitir ter aquilo que eu quero. Se eu vou levar uma lição preciosa desse ano, é essa: Devemos lutar por aquilo que queremos - não vale a pena ter nada sem esforço.
Então fica aqui a minha recomendação, para os desavisados da passagem da data, que com certeza verei denovo quando os números mudarem: "Muito daquilo que acontece não pode ser revertido, e isso é suficiente pra que a gente perca muita coisa, suficiente pra que a gente fique pelo caminho em certos objetivos. Só que apenas ações são capazes de reverter ações. Um dia após o outro, seja ele no início, no meio ou no fim do ano, nossos sonhos voltam pra casa, chegam aos nossos centros de convergência; é só não esquecer deles. É só lutar por eles."
Boas festas.

sábado, 18 de dezembro de 2010

"Ele vai lutar pela sua confiança."

Dizem que confiança não se compra, se conquista. Isso, a meu ver, é bem verdade.
Se bem que devo ressaltar que confiança é algo muito relativo. Em grande parte das nossas ações, a gente não pensa muito nisso. Normalmente a confiança que passamos é algo automático, com o qual não nos importamos até o momento em que falhamos. É como o seu dedo mindinho, do qual você só lembra quando dói. Enfim, confiança sempre foi um problema pra muita gente que eu conheci, eu mesmo já deixei claro que não sou confiável com alguns compromissos, e muitas vezes as pessoas têm que me cobrar as coisas. Mas a confiança que eu considero mais importante não é aquela sobre atos, é sobre as palavras. Pois veja, qualquer pessoa pode falar qualquer coisa, mas atos são imutáveis, irreversíveis e irrevogáveis - eles são a essência do que são.
Confiar no que uma pessoa faz é muito fácil, mas compreender que o que ela diz é aquilo que corresponde à sua verdade, é aquilo na qual ela se inspira para suas ações, é um exercício que exite prática, tempo, e principalmente, um registro intocável. É um teto de vidro, que é substituido por uma laje de cimento assim que a primeira pedra cai.
Tem gente por aí que não confia muito em mim, embora já tenham confiado. Mas além de dar toda razão, eu busco cada vez mais uma forma de ganhar essa confiança novamente. Ninguém pode evitar cometer atos desastrosos, que corrompem e destróem laços tão frágeis, por trás das montanhas que construirmos para nos protejer de tudo o que tem por aí, mas eu acredito que sempre há tempo para retomar um elo perdido.
Hoje em dia os laços verdadeiros são tão raros, não podemos nos dar ao luxo de perdê-los. Mais do que nunca, creio que todo sacrifício vale à pena.

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

A Paz Acabou

Novembro costuma se um mês doído para a maioria dos estudantes de Física do planeta. Se você me acompanha e não faz Física, sinta-se um afortunado nesse mês. Todas as suas obrigações mais importantes se concentram num mísero intervalo de trinta dias, e isso é tudo o que você tem.
Novembro também é o mês das chuvas eternas, daquelas que ainda não são rápidas como as de verão, e se estendem com facilidade pela tarde inteira. Vou contar, então, uma história de novembro. Há quem lembre que faz um ano que estou vivendo nas nuvens, numa nova realidade meio que enfiada garganta abaixo. Ás vezes, no fundo no fundo, eu sinto saudade de voltar a reta da UFV sozinho, e vendo a árvore de natal sendo posta boiando na lagoa, ano após ano; naquele velho tempo em que sempre tinha alguém pra eu xingar, que eu não xingava.
No penúltimo mês do ano passado, eu não tinha tempo pra nada (isso não mudou muito), e nem era tanto a chuva que me segurava no departamento de Física, mas os exercícios. Mas, naquela época, eu ainda recebia visitas frequentes (uma por mês, aliás) de uma grande amiga, com quem dividia algumas experiências de aprendizado, e com quem, às vezes, me irritava profundamente. Era tudo, na verdade, parte do aprendizado. A gente tem que aprender a se irritar com os outros.
Um dia estávamos nós, voltando pela reta da UFV, e nos deparamos com um pessoal oferecendo cartões de crédito, se eu não me engano, do Itaú. Naquela época, isso era muito comum. Como de costume, aquela pessoa te aborda com um sorriso de orelha a orelha, e te pede pra preencher um cadastro. Eu olhei bem pra pessoa, abri um sorriso desgraçadamente grande e disse que já tinha o cartão, que era ótimo, e que ela também deveria fazer um. A conversa mudou completamente de lado, e por uns 30 segundos, era eu quem estava vendendo um produto que não tinha. Obviamente não fiquei muito tempo ali, tinha mais o que fazer.
Aquela foi a primeira vez que usei meus poderes para o mal. Ela me lembra disso até hoje, e eu me lembro do mês de novembro como o mês em que minha Guerra começou a terminar.
Está terminando até hoje.