terça-feira, 26 de julho de 2011

Passos Firmes de Pés Descalsos

Ontem voltei pra casa feito um ninja, só com os olhos de fora. O frio de Vice City (isso mesmo, cá estou eu denovo) tem sido cada vez pior. Hoje vi os preparativos da minha colação de grau sendo desmontados, e sei que até amanhã tudo vai voltar a ser como era antes, pelo menos para os observadores desavisados. Não pra mim.
Dei adeus, meio que inevitavelmente, à uma fase da minha vida. Uma dessas transformações, como alguns de vocês devem saber, envolve um diploma e uma Universidade, envolve professores e família. A outra, talvez muito mais intensa e muito mais intrínseca, envolve a diferença entre viver um momento e observá-lo. Agora, como devem imaginar, posso olhar para trás e identificar-me como um tipo de pessoa diferente do que sou agora; posso ver como eu era e o que eu devo achar de mim mesmo. E nessa prática de me analisar talvez eu encontre uma pilha de erros entre as qualidades que eu pensava que tinha.
A moral da história, na verdade, é bem simples: uma vez que você passa por uma transformação, ela lhe permite observar a si mesmo como uma pessoa de antes, como alguém diferente capaz de lhe ensinar coisas que não sabia, sobre o antes e o depois, sobre como ser e sobre o que evitar. É isso que estou percebendo, enquanto a passos firmes, me movo novamente para a frente de batalha.
Essa guerra já durou tantos anos, e quanto mais eu luto, menos quero que ela acabe.

segunda-feira, 11 de julho de 2011

Meu Muro de Berlim

Não sou a pessoa mais social do mundo. Acredito que todo mundo que me conheça já tenha, ou ainda terá, motivos para acreditar nisso. Grande parte da minha vida foi destinada a mim, e nada mais. Nunca gostei de ser o centro das atenções e não vou começar agora. O caso é que devo me formar em duas semanas e muita gente, como era de se esperar, está esperando por esse momento.
Aqui em Vice City (isso mesmo, ainda não saí daqui), é "Semana do Fazendeiro" e gente de todo lado se reúne na "minha" UFV, e no meio deles, hoje, andei no pôr-do-sol. Nesse momento, mais uma vez, me veio aquela velha embaraçosa pergunta: "O que você está fazendo aqui?". Eu estou estudando, obviamente. Estou pegando um diploma de Físico. "É, isso tudo eu sei, mas o que você está realmente fazendo aqui?". Eu estou tentando ser feliz. Estou tentando sair da miséria que eu sentia todo dia antes de vir pra cá, de tentar fazer as coisas e não conseguir. "Mas por que teve que fazer isso tudo?". Não sei ao certo, mas pelo que sei ao certo, não deveria ser necessário. Teria sido, de fato, necessário, sair tanto da minha zona de conforto, me submeter a um sistema que não reconhece seus esforços, e ser, mais uma vez, o centro das atenções só pra encontrar um meio de ser feliz? Será esse o caminho certo? Sabendo de todas as minhas atribuições, e meus defeitos, qual será a dificuldade a me parar, dessa vez?
Eu queria que as coisas fossem mais simples, que fosse só ir lá e pegar o canudo, e ninguém ficaria sabendo e a paz reinaria na Terra, mas não é. Às vezes me sinto como o soldado que foi mandado ao topo da montanha, pegar uma planta para salvar seu capitão, e percebe lá em cima que ele já está morto. Existem infinitas coisas que me trouxeram até o topo dessa montanha que não existem mais, e foi preciso todo um caminho para me ensinar, para me dar um motivo diferente do inicial.
Eu não quero mais ser feliz, eu quero que isso tudo não acabe em lágrimas.

segunda-feira, 4 de julho de 2011

Monte das Oliveiras

Essa é a última semana de aula.
Todo fim de período é a mesma dificuldade, e a mesma papelada pra resolver, só que no último período é bem pior. Sempre faz mais frio no pico da montanha.
O caso é que, a partir de quarta-feira, experimentarei uma liberdade que não sinto desde julho de 2008, quando comecei a me interessar pela Física ao ponto de entrar para o PIBIC - Programa Institucional de Bolsa de Iniciação Científica. De lá pra cá, mesmo nas férias, eu tinha que ficar em Vice City e trabalhar. O caso é que esse mês não tem mais PIBIC, não tem mais curso de inverno, não tem mais Física. Consequentemente, não tem mais Elias curtindo suas férias em Vice City.
E conversando com um amigo sobre isso, ele veio me perguntando "E aí, Elias, vai passar as férias onde? Rio Pomba ou BH?" que eu prontamente respondi, brincando, "Acho que vou pra Cuiabá, Mato Grosso do Sul.".
Acho que não sei se vai me importar ou não, o caso é que, todo esse assunto sobre sair de Vice City e só voltar pra formatura me faz lembrar do tempo que passou desde que eu pisei aqui pela primeira vez. A diferença entre o que eu era há cinco anos. Sobre quantas vezes tive que pisar naquela rodoviária pra aprender que posso ir pra qualquer lugar através de um ônibus, mas nunca vou encontrar um lugar pra sentar, respirar fundo, e realizar todos os sonhos da minha vida. Em cinco anos, do mais fundamental, aprendi que meus sonhos são muitos pra uma pessoa só realizar.
Mas vale a pena tentar, um de cada vez.