terça-feira, 27 de dezembro de 2011

O Dia Mais Importante

O ano está acabando, e antes de que alguém me venha com aquela história de que "lá vamos começar tudo denovo", e "vou passar o Reveillon lá na Praia Bonita", quero deixar claro de que ainda não acredito que uma grande mudança precise de uma data específica para ocorrer. Geralmente as grandes mudanças ocorrem em dias onde não as esperamos.
Mas eu compreendo que a maioria das pessoas que vêm até esta página procuram o meu "recado de fim-de-ano". Afinal por que seria diferente? Embora eu não acredite na importância da data, eu sempre tento convencer uma ou outra pessoa de que ela, de fato, não é importante. Dessa vez, quero experimentar como seria se fosse o contrário. Vou tentar encontrar a importância da data revisando meus últimos 365 dias. Em ordem cronológica (sem brincadeira) foi tudo mais ou menos assim:
Eu aprendi a desistir, e botei em prática. Alguém fez 15 anos. Fui a São Paulo pela primeira vez, e choveu. Eu me molhei tomando cachaça. Eu fui matriculado no último período. Eu comecei o último período. Alguém me deu um banho de realidade, e foi para os EUA. Comecei a escrever um livro. Eu formei. Alguém trancou a matrícula, e começou eventualmente o próprio negócio. Voltei a desenhar. Achei que fosse mudar, não de casa, mas de vida. Alimentei um sentimento proibido por alguns meses, pra fazer um teste. Alguém voltou para o Brasil, me deu outra lição de moral, e voltou aos EUA. Matei o sentimento proibido que tinha alimentado, e cancelei o teste. Terminei a primeira versão do manuscrito do meu livro.
Passei o Natal com a família, ou pelo menos parte dela.
Daí você, como eu, há de pensar que se tenho que passar por tudo isso novamente, se é valido acreditar na vida como um grande ciclo de 365 dias, então é hora de aprender a desistir, e botar em prática. É hora de eu desistir de convencer qualquer pessoa a não confiar na mudança da data. Espero eu, do fundo do coração, que vocês aproveitem o recomeço, aquele em que vocês acreditam, curtam as suas "Praias Bonitas", as suas festas lotadas ou suas viagens pra longe, as suas ficadas em casa, com uma alegria responsável e aquele sentimento necessário à qualquer grande mudança: Hoje vai ser o dia mais importante, não importando qual.
Abraços, e até 2012.

Ps.: À pedidos, minha lista de livros lidos (ou com leitura concluída) nos últimos 365 dias:
Terra dos Homens (duas vezes), Cidadela e O Pequeno Príncipe (leio todo ano) do Exupéry;
 Innumeracy, do John Allen Paulos;
O Monge e o Executivo, do James Hunter;
Surely You're Joking, Mr. Feynman!, do Richard Feynman;
Um e A Ponte para o Sempre, do Richard Bach e
Einstein: His Life and Universe, do Walter Isaacson.

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

A Jornada de Chegar

Aqui em Vice City, como acredito que quase em toda Minas Gerais, não se sabe se faz frio ou calor.
Nessa atmosfera, eu tentei, meio que em vão, encontrar a inspiração, ou até a transpiração, necessária para dar formas finais à minha auto-intitulada obra de arte, "A Síndrome do Gênio". Depois de uma dúzia de dias tentando escrever algumas poucas palavras, decidi que ainda não era hora, e deixei o projeto no gelo, esperando a oportunidade de se revelar novamente.
Uma grande amiga, de volta ao Brasil depois de nove meses, me ajudou muito nisso. A forma como eu tenho escrito, até então, está diretamente ligada ao meu estado de espírito, e talvez o meu "bloqueio criativo" era devido ao simples fato de que, bem lá no fundo, um assunto precisava ser resolvido antes que eu pudesse terminar o livro, antes que eu pudesse por um fim àquela história.
Se você acompanha o blog desde as postagens mais antigas, daquelas bem antigas mesmo, do tipo Na Noite da Chuva ou Sob Controle, deve saber que eu já fui uma pessoa muito mais confusa, e muito mais problemática do que sou hoje. Acontece que, no decorrer de todos esses anos, desde antes do exílio em Vice City até agora, a minha vida pode ser resumida de maneira muito simples: tentei me relacionar com alguém, e não deu certo porque eu estraguei tudo; alguns anos depois, tentei novamente, fiz de tudo pra não cometer os mesmos erros, mas não deu certo apenas porque nossos mundos definitivamente não eram os mesmos. Mas o que a segunda experiência veio adicionar à primeira, mais do que tudo, foi a redenção. Quando tudo acabou de vez, não tive aquela sensação de derrota, como aconteceu na primeira vez, tive aquela sensação de que "Tudo o que aconteceu valeu à pena, e agora estou em paz consigo mesmo. Você não fracassou.".
Quando cheguei em casa, depois dos últimos com ela em Três Corações, peguei o computador e comecei a escrever, e só terminei na última linha, na última frase, na última palavra.
O manuscrito está pronto, todas as complicações foram esquecidas, e não me sinto tão tranquilo em muitos anos. A paz encontrou minha cidadela.